quinta-feira, 21 de maio de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

REDUÇÃO DORES APÓS PEDALADA



Após uma viagem extremamente rigorosa do ponto de vista físico, o corpo pode sentir os efeitos e apresentar desconfortos desagradáveis. A dor muscular tardia (DMT) é um fenômeno que acomete cicloturistas que iniciaram uma viagem, iniciaram com grande carga ou em percursos muito íngremes , ou mesmo aqueles sem o hábito de carregar cargas nos alforges.

A dor e o desconforto geralmente começam algumas horas após o término da pedalada, sendo mais intensos em tomo de 24 a 48 horas.

A duração e a intensidade da DMT, as alterações da contração muscular e a presença de substâncias químicas marcadoras da lesão na circulação sangüínea podem variar dependendo da duração, intensidade e o tipo de exercício realizado.

Mais recentemente a atenção tem sido dada à crioterapia (tratamento com gelo) no auxílio da recuperação da lesão muscular induzida pelo exercício.

A crioterapia pode ser considerada uma modalidade de tratamento interessante e de fácil acesso na abordagem da inflamação gerada pelas microlesões musculares induzidas pelo exercício. O propósito é reduzir o processo inflamatório, o edema (inchaço), a formação de hematoma e também a dor.

A imersão em água gelada (10 a 15 graus), tão freqüentemente utilizada nas modalidades de futebol, voleibol e atletismo, apresenta benefícios relacionados à redução do edema, da tensão muscular e da atividade de algumas substâncias químicas.

A redução da temperatura muscular entre 10 e15 graus provoca diminuição da velocidade de condução nervosa, modifica a atividade do fuso muscular (estrutura importante na regulação do tônus muscular), podendo reduzir a dor.

Contra-indicação

Não aquecer regiões do corpo que estiverem anestesiadas, edemaciadas, inflamadas, feridas com sangramento, em áreas onde haja tumores, sobre os testículos, sobre o abdome de gestantes ou em áreas do corpo de pessoas inconscientes.

Bolsas Frias

A temperatura de armazenamento deve ser de aproximadamente -5ºC por pelo menos 2 horas antes de uso. Por razões de higiene, deve se colocar uma toalha entre a bolsa e a superfície da pele. O ar é um condutor térmico pobre, portanto, devemos molhar a toalha com água para que facilite a transferência de energia.

O cicloturista poderá usar a água das piscinas de cachoeiras tendo em vista que a temperatura é sempre regelante e útil para realização da crioterapia.

Boa viagem

terça-feira, 19 de maio de 2009

MÍNINO IMPACTO



Cuide dos locais por onde passa, das trilhas e dos acampamentos


Ao montar o seu acampamento, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto. Acampe somente em locais pré-estabelecidos, quando existirem. Em qualquer situação, acampe a pelo menos 60 metros da água.

Não cave valetas ao redor das barracas, escolha melhor o local, de modo que a água escorra naturalmente e use um plástico sob a barraca.

Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não corte nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar.

Remova todas as evidências de sua passagem. Ao percorrer uma trilha ou ao sair de uma área de acampamento certifique-se que esses locais permaneceram como se ninguém houvesse passado por ali.

Proteja o patrimônio natural e cultural dos locais visitados. Respeite as normas existentes e denuncie as agressões observadas.

Traga seu lixo de volta


Embalagens vazias pesam pouco e ocupam um espaço mínimo em seu alforge. Se você pode levar uma embalagem cheia, pode trazê-la vazia na volta.

Não queime nem enterre o lixo. As embalagens podem não queimar completamente, e animais podem cavar até o lixo e espalhá-lo. Traga todo o seu lixo de volta.

Utilize as instalações sanitárias que existirem. Caso não haja instalações sanitárias (banheiros) na área, cave um buraco com quinze centímetros de profundidade a pelo menos 60 metros de qualquer fonte de água, trilhas ou locais de acampamento, em local onde não seja necessário remover a vegetação. Amasse as fezes para facilitar a decomposição.

Traga papel e outros produtos higiênicos de volta.

Não use sabão nem lave utensílios e panelas em fontes de água. Lave o que for necessário a pelo menos 60 metros das fontes d’água. A areia da margem do rio ou cachoeira poderá ser utilizada ao invés da esponja para limpar as panelas.

Evite fazer fogueiras

Fogueiras enfraquecem o solo, enfeiam os locais de acampamento e representam uma grande causa de incêndios florestais.

Para cozinhar, utilize um fogareiro ou espiriteira a álcool próprio para acampamento. Os fogareiros modernos são leves e fáceis de usar. Cozinhar com um fogareiro é muito mais rápido e prático que acender uma fogueira.

Para iluminar, utilize um lampião ou uma lanterna ao invés de uma fogueira.

Para se aquecer, tenha a roupa adequada para o clima do local que está visitando. Se você precisar de uma fogueira para se aquecer, provavelmente planejou mal a sua aventura.

Faxina na bike

Evite fazer faxina na bicicleta com utilização dos derivados de petróleo (querosene, gasolina e óleos lubrificantes). Esses produtos podem contaminar o solo ou animais que possam ter contatos.

Não jogue pilhas no lixo, leve para os pontos de coletas deste tipo de material.

Traga da viagem todos os componentes repostos, pneus, câmaras e etc.


Para saber mais, visite http://www.pegaleve.org.br

domingo, 10 de maio de 2009

SENGÉS E ITARARÉ (PARTE 2)









No ínicio da pedalada senti um pouco de desconforto nas pernas e musculatura do quadril até mesmo em virtude da atividade realizada anteriormente, contudo apenas observei este feedback como um alerta em relação a carga de trabalho para este dia, não podendo ser muito extenuante conforme foi a pedalada no dia anterior.

Ao sair na estrada, o objetivo era chegar a cachoeira do corisco e verificar a possibilidade de acampar, pois a área não é pública e pertence a uma multi-nacional (Norske Skog) e até mesmo a entrada tem de ser anunciada, senão pode haver repreensão, inclusive parar na delegacia sob a acusação de invasão de área particular.

A região sobrevive do cultivo de pinus destinados a indústria do papel e madeira, sendo uma área com muita plantação deste tipo de árvore invasora. Durante a pedalada percorri muitos quilômetros ao lado de florestas de pinus e percebi a diferença quando estava passando próximo a uma mata natural ciliar, nos pinus o ar é seco e não tem a sensação de receber a umidade da mata e o clima é árido no local onde estão plantados este tipo de vegetação. Segundo a Embrapa o cultivo de pinus é importante aliada na preservação do pinheiro brasileiro, que supre a necessidade de matéria prima para indústria.

Logo no começo, apenas tinha uma idéia sobre a localização geográfica da cidade de Itararé e a cachoeira do corisco, no entanto não sabia como seria alcançar o objetivo do dia. De cara comecei a subir uma ladeira incrível para acordar e espantar de vez todas as miasmas... e ainda não tinha a mínima idéia do que estava guardado para mim, até o fim daquele dia.

Depois de um pedala de desce e empurra a bike, comecei a ouvir um barulho familiar de um automóvel, mas ainda não conseguia identificar se era ônibus ou caminhão, porém a cada minuto o ruído foi aumentando até conseguir visualizar um micro-ônibus.

O clima da manhã castigava a pele e o terreno em declive era muito ondulado para escalar pedalando, sendo menos desgastante empurrar a bike estrada acima, então comecei a sentir pequenas dores lombares companheira desde os 15 anos de idade. Na noite anterior realizei vários alongamentos dentro da barraca com o propósito de contribuir na recuperação da fadiga e melhorar a circulação do ácido lático, inclusive realizei uma manobra de imersão em água fria (da cachoeira) que acredito que também contribuiu na recuperação.

Passou poucos minutos e o micro ônibus vinha uivando subindo a ladeira e aproximando de mim e para não causar grandes transtornos ao motorista, me desloquei para o barranco oferecendo todo e espaço para ultrapassar, nesse momento gostaria de solicitar uma carona até depois daquela subida, mas percebi que os passageiros eram turistas de aventura de uma agência de São Paulo, apenas houve uma troca de acenos e nada mais.

Um fato posterior me confortou, logo depois não ouvi mais o som do micro-ônibus e pensei estar próximo do platô do morro e o fim estava por perto... E foi confirmado depois de aproximadamente uns 7 minutos consegui alcançar o pessoal que naquele momento estavam se preparando para um trekking pelo cânion da jaguaricatú, ainda pude conversar com mais um figura dessa viagem, apenas apresento como o monitor da equipe, um Sr simpático e simples comum das pessoas do interior, logo criamos um comunicação e oferta de informações sobre a região em relação ao caminho para alcançar Itararé e por conseguinte o corisco.

Não desejava ficar muito tempo naquele ambiente para não atrapalhar, percebido através dos olhares e da pouca receptividade dos organizadores paulistas desta viagem, contrariamente alguns clientes se aproximaram e podemos dialogar brevemente.

Feliz da vida por ter a possibilidade de descer aquela subida que a minutos atrás estava esgotando meus sentidos, voltei a pedalar, mesmo assim com cuidado pois as bolsas do alforge dificultam a digiribilidade da bike, mas foi tranqüilo e logo estava em mais uma subida... talvez a maior desta aventura.

Ainda sem saber ao certo sobre o verdadeiro caminho para chegar em Itararé voltei a perguntar sobre o caminho a um proprietário de uma chácara e amigavelmente repassou a informação perfeitamente, contudo na verdade ouvi o que não queria ter ouvido “- é só subir até o fim e continuar na esquerda depois da placa...”

Minha bike tem 21 velocidades, em 2 horas foram apenas duas trocas de marcha, da 1 até a 2 com uma só coroa, mesmo porque não tinha energia para subir e pedalar em pé e os efeitos da falta de ingestão adequada de alimentos já estava apresentando os sinais. Após 40 minutos de pedal na subida vi uma corrente de água vinda da mata nativa e lembrei de um programa de perenge que sempre assisto (à prova de tudo), tirei a camisa de algodão e coloquei em baixo da cascatinha de água, garantindo que o corpo não ficaria superaquecido e causando insolação, outra coisa que vi o Bean Grylls fazer, é filtrar a água antes de beber com a camiseta no squeeze, fiz isso e ok, alguma coisa ficou na camisa. No final minha moral ficou elevada por ter lembrado disso e realizado, é claro que no caso do programa é uma situação diferente, e não era o caso de sobrevivência, apenas uma prática, também fiquei com uma cisma, em vista dos parasitas e bactérias que podem estar presentes numa água cristalina vinda de uma lençol contaminado, porém não ocorreu nada e estou aqui postando este artigo intacto.

Ainda não sabia, mas faltava muito para ser percorrido até alcançar Itararé e já passava das 10:00 da manhã e não tinha nada para comer, apenas a água com maltodextrina e o estomago reclamava frequentemente e o ânimo começou a decair novamente, porém comecei a pensar que logo estaria envolto em uma mesa farta de guloseinas rurais com tudo de bom, patrocinado por uma chácara dessas que vendem café colonial, assim fui iludindo a minha pobre mente.

Após pedalar por aproximadamente 3 horas e quase próximo das 11:00 vi um fusca vermelho subir uma estradinha de acesso a estrada que estava, vindo de uma chácara e parando em frente a porteira, logo percebi que o carro estava com problemas mecânicos, mas fusca até quem não sabe consertar... dá um jeito... pedalei mais rápido para alcançar o carro e pedir... informações de um local para comer, talvez nessas fazendas ou chácaras poderia encontrar o que estava procurando.

Ao aproximar do carro vi três pessoas, uma senhora no banco de trás e dois rapazes no banco da frente, ao chegar para conversar eles abriram um pequeno sorriso e pude retribuir, já era um bom começo e foi dessa maneira, com as palavras quase não saindo devido da respiração ofegante de ter pedalado rápido, perguntei sobre alimentação e responderam que não tinha nada por aqueles lados e nesse momento lembrei de um vídeo do Olinto, na passagem que eles estão realizando a viagem na Argentina e não encontraram uma cidade que estava no mapa e a seguinte esta longe e ele diz sobre a diferença de estar viajando com uma equipe de apoio e estar solo, não tem o botão de game over... ou foi alguma coisa parecida que disse, mas isso acabou com o ânimo e quando isso acontece vem as idéias do tipo: o que estou fazendo aqui? quero ir para casa? etc mas é nesses momentos que o filho chora e a mãe não vê...

Despedi das pessoas e continuei na minha cina, subida acima... mas foi depois de uns dois minutos que a minha manhã começou a mudar, estava cabisbaixo olhando para a coroa e pensando no mantra das pedaladas, uma depois da outra... foi quando percebi que o fuscão vinha subindo na mesma direção que estava e ao se aproximar percebi que estava reduzindo o giro do motor e parando ao meu lado, quando olhei, vi uma braço estendendo um pacote de bolacha e oferecendo, paramos e além disso perguntaram se tomava café e se tinha uma caneta ou copo, respondi afirmativamente e logo peguei minha caneca de inox e um dos rapazes que estava no co-piloto saiu do carro e encheu até a boca, jamais tomei uma café tão gostoso quanto aquele. Disseram também que o mais difícil da viagem já tinha passado, de lá para frente era apenas descida e que ao sair daquela estrada teria um posto de gasolina com restaurante, nesse momento que estou escrevendo fiquei pensando no nome daquelas pessoas que estenderam as mãos sem nada em troca, pelo simples prazer de ajudar um desconhecido.

Fiquei sentado no barranco sobre a terra na beira da estrada degustando a bolacha e o café como um manjar dos deuses e não haveria coisa melhor para se fazer, foi uma bomba de energia tanto física com emocional, agora sim poderia subir mais ladeiras...
Foi exatamente como os rapazes informaram, encontrei apenas descidas intermináveis entre os campos de pinus, soja e terras aradas, agora ao invés de sentir desconforto nas pernas, tinham de parar de tempos em tempos para realizar massagem nos braços, pois usava bem os freios para não escorregar ou cair nas valas.

Cerca de 45 minutos depois estava na estrada que interliga os dois estados. A estrada oferece bons acostamentos para o trânsito e pude ter um bom ritmo até Itararé. Na estrada há varias pontes por onde passam rios com locais ideais para passar um dia ou noite acampando e isso seria o plano b caso a empresa negasse a entrada ou impedisse a realização do camping no corisco.

Antes de atravessar o limite entre os dois estados parei no posto da fazenda do estado do Paraná para solicitar informações sobre o acesso a cachoeira do corisco e o agente que lá estava foi simpático e amigável na prestação de informações, estranho em relação ao funcionalismo público...mas prestou boas informações sobre o centro de informações ao turista em Itararé, despedi e segui para o local informado para ver como seria o acesso na cachoeira do corisco.

Ao entrar no estabelecimento me pedarei com um guarda municipal da cidade e com um ar de autoridade veio me receber e logo me apresentei antes de perguntar alguma coisa... depois solicitei informações sobre o acesso ao corisco e logo percebi também que se tratava de mais uma pessoa que o universo conspira e coloca na nossa frente, o Vinícius começou a fazer ligações para prováveis pessoas que poderiam me levar ao corisco e disse que não iria ir embora para casa sem conhecer a cachoeira do corisco, após algumas ligações sem êxito o plano b começava a se conjecturar como A, mas o guarda Vinícius recebeu uma ligação dizendo que o Rei estava a caminho e que poderia levar até o corisco.

Abro parêntese na história para esse figura, pois este superou todos os demais devido a abnegação em contribuir ao bem estar dos demais. Depois do Vinícius receber a ligação afirmativa que tinha uma pessoa que poderia me levar ao corisco, passou uns 10 minutos e apareceu um sujeito estilo agitado dizendo que poderia me levar ao corisco sem problema algum, já que era pouco caminho fora de destino inicial de chegar em Sengés e fazer um serviço de limpeza de piscina. Até ae tudo bem, apenas pedi um tempo para ir até uma pequena mercearia para comprar os suprimentos necessários e logo estaríamos indo.

Após despedir do grande Vinícius, comecei a pedalada com o Rei fortes, acho que é isso... pra escrever mais sobre esse figura, a bike que ele usa é uma mistura de barra forte com não sei o que lá... a bicicleta é muito doida e tem nome, trata-se da “treco” ainda não vi, mais ele disse orgulhoso que tinha uma página na net ou um perfil no Orkut, sinceramente não vi ainda mais em breve vou conferir. O detalhe é que o Rei disputa provas de mountain bike com essa “bici” diz que o coro come para cima das Scott, Giants e Trek da galera.

Antes de começarmos a pedalar apresentei a minha situação alimentar ao colega e disse que o ritmo estava bem abaixo das reais condições em situação normal de alimentação e que o objetivo seria parar em lugar local e comer algum alimento, porém não poderia perder a oportunidade de ter um guia da AMAI (Associação de Monitores Ambientais de Itararé) como parceiro nessa pedalada, então sugeri que fossemos devagar, que conseguiria e assim foi, apenas com meio pacote de bolacha água e sal saí de Itararé as 15:30 da tarde com destino a cachoeira do corisco na companhia do Rei.

Saímos da estrada e entramos na via que dá acesso ao corisco e logo passamos pela primeira ladeira e chegamos a guarita da empresa mantenedora de tudo, até onde os olhos enxergam... Pedimos a autorização para entrar e no meu caso, pernoitar no local. Durante a pedalada existe capatazes da empresa que poderiam chegar lá e me arrastar para delegacia sobe a alegação conforme citado acima, para não causar transtornos decidi confirmar bem com as pessoas em português claro, que estava indo da voltar apenas no outro dia, ou seja, posar no corisco e responderam que não havia problema, sendo que não fizesse fogueira e para não estragar tudo, não falei também da intenção de cozinhar, seria pedir para não entrar... contudo também sou consciente em relação a manusear o álcool e fogo, jamais iria fazer qualquer coisa por vangalismo.
No percurso fomos conversando um pouco e sempre percebia o interesse do Rei em relação a minha condição, nos primeiros 30 minutos tudo estava bem, com um bom ritmo de pedalada naquela minha cina de sempre estar subindo, no entanto quando foi dando por volta de 45 minutos de subidas, comecei a apresentar uns sintomas de hipoglicemia, como dores de cabeça, náuseas, queda da pressão e calafrios, foi então que tive a idéia de pedir para o Rei trocar de bike, depois do mesmo já ter percebido e sugerido, porém não foi uma boa idéia, além de estar ainda debilitado, a bike do cara só funciona com ele, não consegui sair muito do local e tive que empurrar cerca de uns 500 metros ladeira acima até alcançar o monitor.

Ao chegar próximo da bicicleta anunciei que estava passando mau e queira pegar a maltodextrina que estava no interior do alforge, até aquele momento também estava economizando o produto para a noite, pois não sabia como seria novamente a história de cozinhar, mas não tinha muitas opções, fiz um porção concentrada e tomei uns 150 ml e continuei tomando até o fim do pedal. Após tomar a dose de malto comecei a perceber que os sintomas foram passando e tive inclusive um gás para acompanhar o Rei, acredito que ele ficou meio de abismado, de um estado vegetal para outro quase normal, depois tentei explicar sobre a maltodextrina e os efeitos, mas acho que mesmo assim, ficou desconfiado achando que fosse algum tipo de anabólico.

Depois de 1h40minutos chegamos a porteira de entrada e nos despedidos, mesmo oferecendo um pagamento ao serviço prestado ao monitor, este negou-se a aceitar ficando apenas pela camaradagem, foi sensacional encontrar esse tipo de gente, não porque não cobrou um valor que deveria, mas pela pessoa, nos valores e integridade na vida, um dia vou voltar em Itararé e oferecer alguma gratidão a essa pessoa que me ajudou nessa minha empreitada.

Nos despedimos e voltei a perguntar sobre o acesso de água no local e disse ser fácil, pois atrás da cabana com baldes de lixo há uma nasce de água, é só coletar. Quando cheguei no local foi a primeira coisa que fiz, fui verificar se tinha água, não pela desconfiança, mas pela condição climática de estiagem na região, felizmente tinha água e de excelente qualidade.

No local também há um mirante de frente ao cânion e a cachoeira do corisco e acima do mirante foi feito um cabana 4 águas de uns 6X6metros com piso de tábua e teto de telha muito limpo e organizado e foi lá que fiz o meio primeiro, acho... bivak, mas pensando bem acredito que bivak é no meio do nada, na natureza e lá foi embaixo de uma estrutura, na verdade não sei, pouco importa, naquele momento não queria montar a barraca de novo e como não havia a possibilidade de chover e o detalhe que salta a atenção é que não tinha nenhuma viva alma naquele local, apenas eu e a mata, estava me sentindo o verdadeiro cicloturista...

Como segundo ato, coletei a maior quantidade de água e fui fazendo macarrão instantaneo para comer, foram três numa batida só, depois encarei um chá com bolacha. Na sequencia depois da alimentação veio a duvida sobre ficar sem tomar banho mais uma noite e as opções não eram lá muito favoráveis, seriam pequenos banhos a prestação com a panela de 500 ml, esquentada a cerca de 5 minutos a cada sessão. Mas decidi ficar mais um dia sem fazer essa higiene, depois lavo o saco de dormir e tudo bem, não é uma situação que vai prejudicar a minha integridade...
Preparei o isolante térmico e o saco de dormir no meio da cabana e todos os acessórios de defesa, luz e faca próximos ao corpo, como eram as 07:00 da noite a ambiente estava totalmente escuro e não tive outra opção senão a de dormir ou tentar. Como na noite anterior não dormi por muito tempo, estava receoso com relação a bichos que pudessem atacar como os peçonhentos (cobras, aranhas e escorpiões), levantava sempre com a laterna na mão e além disso mesmo dormindo com um saco com linha de conforto para abaixo de -10C° sentia frio no resto devido ao vento que soprava do cânion, por citar essa fato, foi a grande experiência dessa noite, sempre escutava o vento assoviar e logo depois o vento lambia o saco de dormir, já era tarde montar a barraca, o jeito era ficar de bivark até o fim.

E o fim demorou a chegar, não consegui mais dormir após as 03:00 da manhã, fiz uns chá e comecei a tomar e pensar um pouco na viagem e na vida, foi um pouco de introspecção que tive durante esse período importante da minha vida e logo a céu foi clareando e o vento diminuindo o ímpeto. As 06:00 já estava totalmente ligado e ajeitando as coisas para levantar acampamento, no entanto fiquei um pouco no mirante tomando um pouco de sol para esquentar e tirar a uruca do corpo...

Quando estava sentado no mirante ouvi ao longe vozes humanas, olhei para trás percebi que o grupo de turistas, aqueles, estavam descendo o acesso até o local onde estava, logo depois os primeiros da fila já estavam a minha volta e pude comprientá-los, para deixá-los a vontade voltei para próximo da bicicleta e fingi estar arrumando para sair, foi quando algumas mulheres chegaram para conversar sobre a experiência que tinha ao realizar este tipo de aventura, particularmente gosto de falar e mostrar que não sou um candidato a eremita... apenas uma pessoa que num determinado momento posso viajar sozinho e me virar. Foi interessante que tivemos um bom contato durante o curto espaço de tempo, gostaria de poder tomar um café e conversar mais um pouco sobre as experiências com o cicloturismo, quem sabe não seduzo mais pessoas para a bike.

Em seguida foram embora, pois ainda tinham outros locais para visitar e voltei a ficar sozinho e na verdade depois desse contato tive vontade de voltar para casa, fechei tudo novamente no alforge e voltei para estrada.

O primeiro ato em Sengés era descobrir um hotel e comprar um bom banho e sair para comer comida de verdade em um restaurante. Na segunda opção de hotel, consegui compra um banho com toalha limpa e sabonete por R$ 3,00 cujo o proprietário e sobrinha são de São José dos Pinhais e conversamos um pouco sobre a capital do Paraná. Tomar banho depois de 2 dias foi ótimo, revigorado agora era hora de tirar a barriga da miséria, e fui logo pra lavar a égua, na churrascaria que tem uma santa na frente, acho que o nome é padroeira, sei lá.

De banho tomado e barriga cheia era hora de voltar a rodoviária e desmontar a bike e colocar na malabike para viagem. Finalizado o processo, fiquei sentado tomando um sorvete de fruta observando o ritmo das pessoas nessa cidade pequena e no que foi o saldo da viagem até a chagada do ônibus chegar.

Não tive maiores problemas em toda a viagem, exceto e perengue que tive com relação a alimentação e a espiriteira que serviram de alerta para as próximas viagens, bem como, o planejamento que deve ser meticulosamente estruturado para não haver falta de alimentos durante a viagem.

Esta região deve ser melhor aproveitada pelas pessoas que estão envolvidas com o turismo de aventura e estes devem estar responsáveis pela condição de preservação, através de ações de mínimo impacto na natureza, ficaram muitos cenários para trás que pretendo fazer outra viagem em breve, desde de agora gostaria de agradecer a todos que diretamente contribuíram no êxito dessa viagem, principalmente aquelas pessoas que não registrei os nomes neste post.

Sr Dominguinhos (mercearia nogueira - Sengés)
Soldado: Vinícius (Itararé)
Monitor da AMAI: REI (Reinaldo Fortes)
Os dois irmãos e a mãe (obrigado pelo café e bolacha).

sexta-feira, 8 de maio de 2009

SENGÉS E ITARARÉ (PARTE 01)




Depois de realizar uma pequena pesquisa sobre cicloturismo na rota dos tropeiros também postada neste blog, resolvi tomar a decisão de colocar a bike para correr e conferir mais uma localidade interessante e com grandes possibilidades cicloturisticas, entre os estados do Paraná e São Paulo pela área rural dos municípios de Itararé e Sengés.

Durante todo o dia 30/04/2009 fiquei receoso de sair para um pedal solo em virtude do tempo que fiquei sem praticar viagens por localidades desconhecidas, planejei aproveitar os feriadões deste ano, já perdi alguns, mas este não queria deixar passar, mesmo não estando bem fisicamente, uso a bicicleta todos os dias para ir ao trabalho e fazer pequenos deslocamentos em Curitiba, ainda estou fora de forma para realizar este tipo de cicloturismo, porém acredito que o maior fator de superação foi exatamente a motivação que compensou a restrição física para alcançar o objetivo inicial de diversão e finalizar o cicloturismo bem fisicamente.

Nesse dia o trabalho profissional não rendeu como deveria, apenas com a cabeça no planejamento da viagem e vivenciando intensamente os preparativos e o dia foi passando e parecia que ainda faltavam vários detalhes e muitos ficariam sem conseguir resolver, como o tema do uso de gás butano, qual seria a alimentação durante a viagem e se levaria alimentação desde casa ou adquiriria em Sengés.

Um dos momentos mais estressantes é o momento de colocar tudo dentro do alforge, é similar a fazer uma mala, sempre requer um pouco de paciência e razão para saber compactar e ajustar tudo no lugar e tendo a convicção que depois de desmontado jamais conseguimos repetir a perfeição dos encaixes de roupas, acessórios e provisões. Além do mais, criamos sempre a necessidade de levar um pouco além do que é realmente imprescindível, onde você apenas tomará conta da situação depois de alguns dias na estrada, costumo acreditar que esse é o “principio do embrutecimento” causado pela situação de viagem, como no caso de dormir sem tomar banho com nenhum peso na consciência e passar a camiseta no talher e pensar “tá limpo...”

Depois de tudo esquematizado e disposto ao lado dos alforges é hora de colocar tudo para dentro kkkk... monta, desmonta e equilibra o peso nas duas bolsas e pronto, finalizei essa fase e já passava das 03:00 da manhã, fiquei tranqüilo pois sabia que a previsão de 5 horas de viagem poderia ser recuperada através sonecas no percurso da viagem no ônibus.

Quando foi as 05:30 desci ao bicicletário do condomínio e instalei o alforge e voltei para tomar um café preto da manhã, já na adrenalina, não tinha paciência para comer nada e não via a hora de descer até a rodoviária e subir no ônibus. Para não ter dificuldades de acesso da bike no ônibus, levei minha mala bike leve, este é um modelo de desenhei para viagens com esse perfil, onde o cicloturista pode transportar facilmente e fazer multiuso da mala no decorrer da viagem, seja como avanço da barraca, esteira ou capa de chuva. Finalizado o processo de instalação do alforge e verificar a mecânica da bike, voltei ao apartamento e até consegui verificar a meteorologia atualizada no feriadão, que não era muito promissor, com céu nublado e chuva todo o final de semana, tais previsões não abateram no meu ânimo e como dizia o velho e hilário ex- presidente do inenomável time (...) Vicente Matheus “quem sai na chuva é pra se queimar”.
Quando eram 06:30 da manhã não tinha mais volta, com uma pequena garoa e um dia lindo típico de Curitiba comecei efetivamente a minha viagem dando a primeira pedalada.
Ao chegar à rodoviária fui ao guichê da viação Transpen, estava um pouco tumultuado devido o inicio de feriadão, mas como estava tranqüilo nada me tirava do sério, apenas ansioso para começar a viagem. Comprei a passagem e fui para a plataforma de embarque para providenciar a desmontagem parcial da bike, com essa malabike, retiro apenas as duas rodas e mesmo assim a bike cabe com garupeira e paralamas tranquilamente zipada.

Dentro do ônibus, a cada km percorrido, o tempo começava a mudar e de um modo que até em Pirai do Sul o céu estava aberto com ascendente de calor no decorrer do dia e foi isso que aconteceu, quando desci na beira da estrada em Sengés o sol estava de matar, arrancando a pele, logo comecei a sentir também uma proximidade com as minhas raízes e histórico na infância vivido no interior do PR e SP.

A primeira visão de Sengés não foi das melhores, e foi nesse momento que apareceu a primeira figura da viagem e foram muitas, quando estava retirando a bicicleta da malabike apareceu um sujeito “meu” estranho, no entanto bem vestido, mas simples, característico de interior e fazendo as clássicas perguntas – você tá sozinho?, tá vendendo alguma coisa ae nessa mala? de que “planeta” você é? e por final, tem mulher? e todas as demais perguntas que sucedem esse assunto. Ao final percebi que estava conversando com um verdadeiro pinel kkk o cara começou a repetir umas palavras que havia falado kkkk então comecei a ignorá-lo e então percebi que estava contrariando louco e isso não é bom... foi então que acelerei a montagem da bike e coloquei para rodar.

Fui até a rodoviária e providenciei a passagem de retorno e logo depois fui procurar uma mercearia para comprar a alimentação, pois estava apenas com um pequeno pote de 350 ml de maltodextrina, que mais tarde demonstraria ser a minha salvação até o final do dia.

Como o comércio fechou ao meio dia fiquei na mão, mas em cidade pequena sempre tem um jeitinho de conseguir as coisas, e logo fiquei sabendo do comércio do Sr Dominguinhos, proprietário de uma pequena mercearia, chamada Nogueira que vende quase 24 horas, uma verdadeira conveniência ala porteña, direto pela grande... comprei um pacote de macarrão, uma lata de óleo e uma caixinha de chá mate, que peço para não esquecer desse item também e do item referente a minha salvação, até o final dessa história inicial, vocês saberão os motivos de ênfase nesses dois produtos.

Após o fechamento da comercialização dos produtos até então negociados com a mulher do Sr. Dominguinhos, eis que surge o próprio empresário, com o olhar de desconfiado e satisfeito depois de ter se alimentado, pois de fora da grade ouvia o som de seu trabalho com o prato e os talheres. Logo foi perguntando... de onde vinha e ia, respondi que estava fazendo um passeio na região e gostaria de conhecer as cachoeiras na área rural, foi então que sem querer que ele abaixo a guarda e passou um grande número de informações sobre o caminho que precisava tomar e do número de bicas de água potável. Nesse aspecto tenho que ressaltar um prazer pessoal em solicitar informações ao invés de ler o GPS, quando aproximo das pessoas e digiro a palavra, parece que o muro que divide os mundos cai e o contato fica humanizado e rico. Com o GPS é apenas seguir as rotas e deixar as pessoas para trás... é claro que há perfeitamente a condição de utilizar os dois!

Depois de coletar o maior número de informações possíveis comecei a pedalar tomando distância do centro da cidade. Na primeira hora de pedal ainda anestesiado pela adrenalina, tudo parecia perfeito e o estado de ânimo estava excelente, com grandes visuais a volta minha quilometragem era ideal. Apenas uma situação tirou o sossego nessa hora, ouvi estampidos vindo do meio do mato, e isso não é bom, em se tratando de estar no meio do nada... ninguém vê nada. Foi pernas para que te tenho... contudo naquele momento foram dois barulhos que escutei, o suficiente.
Na segunda hora da pedalada as subidas íngremes ainda não me assustavam, devido a motivação de sempre encontrar gente na estrada o que me acalentava um pouco, demonstrava subjetivamente que mais na frente existia casas e famílias e poderia abastecer o squeeze com água e comprar algum alimento (pão, queijo e salame). Com relação à alimentação não tive êxito com relação na aquisição e fiquei na vontade.

Nesse percurso saindo de Sengés até o cânion Jaguaricatú é um intenso sobe e desce serpenteado de estrada de chão batido com cascalho, como faz tempo que não chove na região, as pedras estão soltas e as vezes lembra um pouco o rípio, até pensei que era uma boa experiência pedalar neste tipo de terreno.

Durante o percurso em meio à plantação de milho, tinha um interesse de coletar latinhas de alumínio com objetivo de chegar ao acampamento e fazer uma espiriteira, mas não fui muito feliz, apenas encontrava poucas latinhas e ainda assim amassadas, porém consegui encontrar uma em bom estado, o que já dava para pelo menos colocar álcool dentro. Outro interesse era encontrar casas e coletar água para tomar e foi ae que começou o matírio, quando não eram as pessoas que ignoravam o meu aceno era a malevolência canina que assustava e causava medo, já que nessa região há muito gado e cães com características de pastores (rottweiler, fila brasileiro e vira latas de médio porte). Quando ameaça parar na porta da chácara os cães já loucos de raiva começavam a levantar e irem na minha direção, para não ter maiores problemas, não esperava pela água...

Com o racionamento de água, o clima escaldante e a poeira levantada pelo vento começaram a irritar a garganta e as subidas começaram a ser intransponíveis pedalando, quase sempre escaladas empurrando a bike. Chegou um momento por volta da 3º hora que não tinha mais paciência com os cães e o instinto de sobrevivência...prevaleceu, decidi encarar um dos meus maiores medos, com uma pedra servida em uma das mãos encontrei uma chácara com um homem ao fundo, levantei o braço e acenei, ele retribuiu e então tirei o squeeze do quadro e levantei, ele logo percebeu e acenou positivamente. Ao chegar na porta da chácara os cachorros já estavam calmos e logo cumprimentei o Sr com um aperto de mão e solicitei um pouco de água.
Foi uma conversa rápida, pois não queria chegar tarde a cachoeira, apenas o suficiente para confirmar o percurso e receber informações gerais.

Com a reserva de água cheia já sabia que estava perto e não faltaria mais suprimento de água, porém estava muito cansaço e com fome, não havia comido nada durante essas últimas 3h e meia, primeiro que não tinha e segundo por que deseja chegar cedo à cachoeira e preparar o camping e espiriteira ainda com luz.

Ainda sem saber direito para onde estava indo, fui solicitando informações para quem encontrava na estrada e chácaras e logo fui observando de longe a cachoeira do lajeado grande, o que trouxe um conforto de saber que estava próximo e logo iria comer um macarrão alho e óleo, este é clássico em minhas viagens. Mas ainda faltava muita coisa para pedalar e foi mais uns 30 minutos de descidas e subidas em meio aos pedregulhos.

Durante o percurso existem poucas placas informando do caminho até a cachoeira, sem haver comunicação com os locais, fica difícil encontrar os locais no geral. E foi assim, quase chegando próximo a cachoeira vinha descendo um trio (dois rapazes e uma moça) e perguntei a eles onde ficava a entrada para a cachoeira e logo eles informar e pude seguir até a trilha que leva ao acesso a cachoeira.

Ao chegar à cachoeira pude reverenciar a grandiosidade dos paredões e o cenário paradisíaco, com uma grande piscina no pé da cachoeira e um barulho enorme da queda da água. Nesse final de dia os andorinhões também estão fazendo a sua revoada de final de tarde e prontos para agarrarem na encosta do paredão da cachoeira, é simplesmente demais estar presenciando isso ser a interferência de nenhum barulho alheio.

Não havia ninguém no local me senti o dono do pedaço e era tudo aquilo só para mim. Também fui verificar a temperatura da água e sem chance impossível entrar naquela água sem a presença do sol.

Fui então fazer a tal espiriteira, na verdade apenas consegui encontrar apenas uma e não daria para fazer a indumentária, apenas cortei a metade um pouco mais para baixo da latinha e coloquei álcool e ateie fogo, abasteci a panela com a água cristalina da cachoeira e fui o fogo. Passou um tempo a água da panela nem ficou amornada, então coloquei mais álcool e esperei mais um pouco e nada. Comecei a perceber que o vento vindo da cachoeira roubava o fogo da panela, para resolver isso montei umas pedras envolta da espiriteria e coloquei mais álcool e esperei um pouco para inserir o macarrão.

Ao longo desse período o sol já era e a fome começava a bater e o macarrão nada de cozinhar e eu já ficando irritado com a situação, tudo que estava tentando resolver o problema não repercutia em solução e o álcool também esvairindo, foi então que desisti devido a luminosidade e a impotência de solucionar a situação naquele momento e me fez pensar nas próximas investidas com este aprendizado. Logo lembrei de um produto que havia pegado na ultima hora antes de sair de casa, era a maltodextrina, trata-se de um açúcar de origem natural extraído do milho, tem uma alta capacidade de oferecer energia rapidamente ao organismo após ingerido. Junto com a malto fiz um litro aproximadamente de chá e fui tomando a noite toda, mesmo com a barriga roncando não estava com fome e ficava controlando um provável estado de hipoglicemia que talvez pudesse ocorrer devido a alta demanda energética com baixa ingestão pós atividade física.

Como também estava muito cansado, dormi cerca de 4 horas o que para mim é muito em camping tendo em vista as condições oferecidas pelo isolante térmico e saco de dormir. Após tomar o chá arrumei as bagunça dentro da barraca e fui dormir as 07:00 horas devido ao falta luz e pessoas de conversar, nessa hora faltou ter levado um livro para ler, ajudaria a distrair um pouco. Um fator também contribuinte para a poucas horas de sono sucessores ao período de repouso foi o barulho da cachoeira em conseqüência da proximidade, é muito alto e não dá para desconectar.

Ao levantar as 05:30 na manhã do dia 02/05 estava recomposto do dia anterior por incrível que isso possa parecer e tudo transcorreu perfeitamente. Logo preparei o chá da manhã com maltodextrina e posteriormente pude levantar acampamento deste local. Fiquei um tempo fora da barraca contemplando o nascer sol e a mudança da iluminação do local que aos poucos foi transformando e esquentando o clima dentro do vale em conjunto com a revoada do andorinhão saindo dos paredões atrás da cachoeira.

Também vi uma revoada de curucaca sobre o vale e a cachoeira. Popularmente essa ave é conhecida como ave das araucárias, sendo a ave símbolo de Bom Retiro.

Após arrumar tudo de novo dentro dos alforges e despedir da cachoeira fui saindo do local com o espirito renovado e dever cumprido, até o momento devo salientar sobre a pratica do turismo de mínimo impacto, antes de sair dei uma bela geral e me perguntei "será que alguém passou por aqui? essa é uma técnica que objetiva deixar apenas os ratros no local e excluir todo o lixo e resíduo do ambiente, feito isso busquei a trilha de acesso a estrada para continuar a viagem em mais um dia, mas essa segunda parte fica para uma próxima postagem.
Aguardem.
FOTOS: Cachoeira e camping no lajeado grande