domingo, 4 de outubro de 2009

DIÁRIO DE UMA CICLOTURISTA NO CAMINHO DE COMPOSTELA




O meu caminho foi um presente perfeito, tinha ido a Espanha em um congresso na cidade de Madrid e depois teria uma semana de férias, então nem duvidei em levar minha nova bicicleta desde Genebra para Madrid. Estava contagiada pela alegria de encontrar a minha família em Madrid e logo depois visitar minha amiga Martita em Santiago que estaria me esperando, dessa maneira estava percebendo que o universo estava conspirando a meu favor.


Foram muitas emoções vivenciadas na viagem do Caminho de Santiago de Compostela, acima de tudo, respeito pela vida, história, natureza através das paisagens seculares, pelos nativos encontrados no percurso, nas vilas e tantas outras belezas degustadas com a alma que não posso transcrever em palavras. Contudo, também destaco o quanto duro foi o caminho do ponto de vista físico, diante de estradas difíceis, comum as estradas sulamericanas, quase sempre adicionadas de subidas belas, porém extenuantes em demasia, devido a temperatura extremamente seca e calor intenso, esgotando as energias, mas não o espírito e a vontade de continuar pedalando até Santiago.

A chegada em Santiago foi o clímax da pura emoção e quanto mais perto ia chegando da catedral, começava a ouvir com maior intesidade o som das gaitas gallegas que foram invadindo e tomando meu coração de emoção e meus olhos enchendo de lágrimas que não consegui conter. Foram imagens que jamais vou esquecer e não sairão das minhas memórias quando lembrar do caminho de Santiago de Compostela. Foram apenas 230 km desde Ponferrada, mas quantas saudades, espero um dia voltar a estar nesse caminho, percorrendo outras rotas do caminho até Compostela.



Camino de Santiago.

La Herreria, uma encantadora cidade com pouco mais de 10 casas às margens de um riacho de água gelada e claro. Este foi o primeiro dia do acampamento, ao lado de uma casa tinha este local para piquenique. Um jovem de deixou acampar neste local. Próximo havia um piquenique em família, me cumprimentaram e me trouxeram um pedaço de bolo, pensei só na Espanha... essa é uma das diferenças com a Suíça.

Continuando o camino de Santiago, no segundo dia tive uma subida violenta de 700 mt em apenas 14 km, bom, fui empurrando a bicicleta quase a metade do percurso, mas que beleza de lugar, aquilo era muita paz, tudo parado no tempo, acima do morro esperava um vilarejo, alias uma "granja com vacas e feno"... a felicidade de estar lá foi imensa.

Desde el siglo IX em que se descobriu a tumba do Apóstolo Santiago (envolto de conchas marinas) no Campus Stelae, o Camino de Santiago se convirteu na mais importante rota de peregrinação de Europa. O percurso de todos os peregrinos que, movidos por sua fé, encaminham-se para Compostela vindos de todo mundo, servindo como ponto de partida de toda uma evolução artística, social e económica, que deixou seus rastros em todo o percurso do Camino.

O Camino de Santiago não é apenas um resto de um passado histórico espléndido, porém é um caminho vivo, renovado pelos passos de novos peregrinos deste século, revivivendo uma história que é patrimonio comum de todos os povos da Europa e do Mundo.

Peregrinar a Santiago não é simplemente fazer uma rota turística, desportiva à pé por uma bellísima rota em contato com a naturaleza, é tudo isso e muito mais. É encontrar com as raízes religiosas e históricas de Europa, é renovar o Caminho de transformação interior, caminhando no ritmo de outros séculos, é… peregrinar

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