A estrada do Cerne foi a primeira rodovia construída no estado do Paraná entre a capital paranaense e o interior. Ainda pouco procurada pelos cicloturistas em comparação a estrada da Graciosa, a PR 090 não menos sedutora, instiga o espírito aventureiro e remete as lembranças da época que essa estrada era construída com pás e picaretas.
Logo de cara, a viagem começa a embrenhar-se num dos bairros mais tradicionais da capital. Após passar pela extensa Avenida Manoel Ribas, interligação entre os bairros das Mercês até Sta Felicidade, o cicloturista encontrará na arquitetura a característica cultural dos imigrantes moradores deste peculiar bairro curitibano. Outro chamariz de Santa Felicidade é a tradição gastronômica das padarias e restaurantes mantidos pelas famílias tradicionais de origem italiana e alemã que exalam na atmosfera os aromas e não deixando dúvida da proximidade e inicio da viagem pela estrada do Cerne.
No final da avenida Manoel Ribas, após o cruzamento com o contorno norte, eis que surge a estrada do Cerne, levando ao município de Campo Magro, importante localidade do tropeirismo paranense. Inclusive o nome da cidade foi sugerido pelos tropeiros, devido à qualidade e a escassez do capim encontrado na região, durante os meses de inverno na passagem da tropa.
Para quem inicia o percurso por Curitiba, a estrada pavimentada acaba logo após a passagem pelo distrito de Bateias, cerca de 10 km do cemitério local, no Km 30 da estrada. Deste trecho em diante o cicloturista vai encontrar uma topografia bastante irregular com muitas subidas, ladeiras que fazem lembrar e se questionar de todos os acessórios carregados nos alforges...
A sinuosidade da estrada é resultado da topografia do terreno e a dificuldade do apoio financeiro do governo federal da época de sua construção. Portanto, não foi possível fazer túneis e/ou viadutos, aumentando muito o número de curvas na estrada, estratégia necessárias para vencer os morros e serras em muitos percursos da PR-090.
Como a estrada passa por uma região eminentemente rural, não há disponibilidade de pousadas ou locais de camping. Para dormir é possível utilizar os barracões das várias igrejas presente no percurso ou solicitar a permissão dos proprietários de sítios e chácaras existentes na beira da estrada. Também é possível praticar camping selvagem em algumas áreas de pesca, por exemplo, na ponte do rio Iapó.
Entre as cidades de Campo Magro e Piraí do Sul, há uma localidade chamada Abapã, distrito de Castro. Ao chegar à cidade de Abapã, o cicloturista é tomado de um ar bucólico comum das localidades do interior do estado. O distrito é cortado por apenas uma rua, na verdade ainda é a estrada do cerne, contudo, quando passa por dentro da cidade é chamada de Avenida Rio de Janeiro. Abapã é um bom ponto de apoio para alimentação rápida, aquisição de alimentos em supermercado locais e/ou até mesmo para fazer uma refeição completa em algum restaurante de comida caseira.
Após pedalar por 50 km, entre Abapã até Piraí do Sul, a viagem completa os 135 km percorridos de muita superação, belas paisagens e o espírito renovado pela conquista e satisfação de ter percorrido uma das estradas mais emblemáticas do Paraná.
Em Piraí do sul existem vários hotéis, restaurantes e pousadas para cadabolso. Solicite informações das datas comemorativas no município é uma boa chance de combinação da viagem e os eventos gastronômicos e típicos da cidade.
O percurso foi pensado para dois dias saindo de Curitiba, no entanto, para ciclistas com maior experiência em longas distâncias a viagem poderá ser concluída em um dia de 12 horas de pedal, um verdadeiro ciclo raid. Saindo de Abapã os cicloturistas campistas poderão pernoitar na estrada e finalizar em Piraí do sul.
Existem vários horários de ônibus saindo de Piraí do sul regularmente em direção a capital do estado, com tempo previsto de 120 minutos de viagem (direto).
Essa é a dica de cicloturismo rápido, autônomo e seguro para todos os praticantes dessa modalidade que desejam conhecer os campos gerais.
Quando viajar?
Evite viajar nos períodos de chuva, devido às quedas de barreiras pela estrada. Nos meses de inverno o clima de frio intenso, logo é aquecido pelas inúmeras subidas existentes pelo caminho.
Quanto custa?
Não há agencias de turismo operando no local. Os gastos giram em torno de R$ 150,00 a 200,00.
Dica final
É um trecho bastante acidentado e com subidas intermináveis em conseqüência do desafio de escalar o 2º planalto paranaense. Busque levar o necessário nos alforges. Utilize alforges pequenos e evite carregar mochilas, estas podem causar grande desconforto durante o percurso em solo irregular.
Boa viagem.